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Capítulo 10: Lúmen Eterno

Música Recomendada: Antonio Pinto - Healing

Visão ecléctica do dispositivo espiritual, de auto-defesa planetário, secretamente imbuído no código genético humano como um seguro de vida vitalício mundialmente providencial…

Candidato predestinado da escolha divina ontologicamente premeditada e corporalmente ponderada, do ser ambígeno mortal, que suporta o estigma da orbe da vida na palma da sua mão…

Fluxo de energia “ Reiki “ organicamente emanado do cântico sagrado ao Deus universal, transferido cosmologicamente na absorção intravenosa do herói sobrenatural…

Réplica sonora do oráculo grego eclesiástico, que ecoa pelo Universo o código Morse recorrente do “ S.O.S ” civilizacional…

Dúvida existencial progressivamente dissipada pelo perdão religioso, intencionalmente dirigido ao terceiro filho pródigo de “ Apollo “ que persegue a sua sombra para sempre…

Clarificação do sentido da verdade missionária sem retorno, depositada na crença humanista do lúmen eterno da vida…

“Existe uma diferença entre conhecer um caminho e percorrer esse mesmo caminho“

Por Mim, Por Nós, Por Todos...

Pela Humanidade


Autor da Imagem: Paulo César Em http://paulocesar.eu


Dedico este texto a uma pessoa que me é muito querida, a Andreia que é uma fã do meu trabalho. Espero que gostes :-)

Última Transmissão Humana © 2013. Todos Os Direitos Reservados.

Capítulo 9: Encontros Imediatos De Terceiro Grau

Música Recomendada: Full Attack - Steve Jablonsky

Lascas de cinza humana arrefecida fundiam-se quimicamente com o ar, absorvendo a última réstia de oxigénio benigno, na queda desamparada do meu corpo inerte e esgotado, que apenas suportava o peso do brinquedo do Homem feito para matar. O indicador firme e sólido, não hesitava em premir o gatilho da arma futurista que fumegava com os disparos cíclicos das balas plasmáticas circulares que, percorriam o corredor em chamas ceifando a vida de todos e de cada um dos guardiões das trevas. Um após o outro, tombavam perpendicularmente, como uma sequência perfeita de dominó que se vai desmoronando, rápida e progressivamente numa desconstrução corporal de areia; condenados ao estigma de um espírito aprisionado eternamente, na prisão dos pecadores que violaram a sua liberdade condicional no Inferno.
Apareciam com a mesma rapidez que desapareciam, numa dança quase invisível, um para cada bala, como se as suas pseudo-vidas tivessem tido uma história amorosa atraiçoada no passado, e o projéctil de chumbo tivesse regressado oportunamente para coleccionar a recompensa da sua vingança. Persistentemente, aquelas criaturas psicadélicas, maniatadas cerebralmente como marionetas “kamikaze“ saidas de uma peça teatral psico-dramática, continuavam a marchar convictos da sua nobre missão, fazendo estremecer os azulejos de mármore das paredes encardidas de pele queimada, contendo mensagens de morte resultantes da combustão dos seus despojos orgânicos. O espaço geométrico envolvente tornava-se cada vez mais diminuto e asfixiante, numa ilusão de óptica sensorial alimentada pelo medo mental de sucumbir às poderosas investidas do inimigo. Inesgotavelmente, na tentativa de contrariar as forças ocultas do Universo, naquele temeroso momento de premonição consciente de que algo vai correr mal: o som ligeiramente abafado e o cheiro insuportável a pólvora queimada procedentes do último cartucho disparado que, saltava vagarosamente num movimento ascendente em espiral, contrastavam com a normalidade dos sintomas mecânicos da arma híbrida topo de gama, deixando antever a iminência anómala do erro fatal. Uma lágrima preta de suor, resvalava pelo meu rosto coberto com o pó de alguém, deixando o rasto azarado do triplo seis na sua queda livre, numa sincronização espácio-temporal rigorosa; no contacto com o osso manual, dilatado e exausto, do repetido movimento cinético muscular de premir o gatilho como um amador. Instantaneamente, ao espreitar pela lente de zoom telescópico para fazer pontaria como um olho sagrado que tudo vê, a bala perfurante perde a coragem de voar e encrava inesperadamente na câmara de ar, possibilitando o contra-ataque demolidor do que restava do exército pomposo do rei das trevas.
A sombra nocturna, formatada num misto vampírico: metade lobo, metade homem, aterrou violentamente no meu perímetro abdominal, tentando arrancar-me bruscamente a arma das mãos e despojar-me do meu seguro de vida mais valioso e eficaz. Desesperadamente, na tentativa persistente e raivosa de disparar a todo o custo, no meio daquela luta “mano a mano“ completamente desleal do homem versus monstro, orquestrada pelo Deus do submundo, os sinais vitais da minha vida espiritual começavam a fazer os preparativos finais para abandonarem o meu corpo massacrado das bofetadas, que me projectavam em ricochete pelas paredes desfeitas de um canto ao outro da sala. Quase morto, invoquei um Deus anónimo e fiz-lhe uma pergunta: Se eu sou o salvador do Mundo como posso morrer sem cumprir o meu destino? Não obtive uma resposta telepática nem ouvi uma voz do além, mas algo mágico aconteceu naquela fracção de segundo. Abri ligeiramente o olho esquerdo em ferida, inchado e coberto de sangue, o único que ainda conseguia vislumbrar desfocadamente aquela luz de esperança no fundo do túnel e, numa visão entorpecida com apagões sistemáticos, consegui aperceber-me que a arma militarizada permanecia estaticamente numa posição central, estabelecendo uma linha divisória imaginária que me separava do monstrengo impiedoso.
Rastejei cambaleando, aos tombos, mais com o coração do que com o corpo, com as forças mínimas que ainda me restavam nos ossos, músculos e pele, na ânsia de alcançar a espingarda e alvejar o advogado do diabo antes que ele matasse a única testemunha ocular do plano diabólico de Lúcifer para conquistar definitivamente o Mundo. Quando a besta ranhosa, afiava preliminarmente as suas garras laminadas para desferir o golpe fatal, agarrei acrobaticamente na arma moderna, convicto que desta vez o projéctil de chumbo tivesse a coragem de atingir o seu alvo e, disparei um tiro certeiro mesmo no centro da caixa craniana, confirmando aquela máxima de que uma bala diz sempre a verdade. No entanto, apesar do feito hercúleo, esta vitória provocaria apenas um singelo arranhão no poderoso exército dantesco, que ainda permanecia de pé como uma rocha inabalável, avaliando-me desrespeitosamente com um sorriso cínico e pervertido na clara mensagem vingativa de que o pior ainda estava para vir. Afiaram os dentes aguçados esfregando-os na língua em tom provocatório, soltaram o seu grito de guerra esfomeado e correram ferozmente na minha direcção, seguindo o rasto de sangue das feridas dilaceradas que me enfraqueciam minuto a minuto, enquanto tentava arrastar-me até ao elevador que dava acesso ao "Hangar das Naves Espaciais".

P.S - Um contra todos e todos contra um, parecia um lema outrora celebrizado historicamente por um célebre trio, mas que agora via os seus predicados alterados pela injustiça divina de um Deus que tenta escrever direito por linhas tortas...

A Continuar...

Autor da Imagem: Pedro Pinto Em http://olhares.com/thales1


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Capítulo 8: Ornus Et Pulvis

Música Recomendada: We Do The Hanging - Ryan Amon

Contacto plasmático com a película de pele, quente e fervilhante, destrutível no toque manual, singelo e inocente, que liquidifica o plástico orgânico transparente ressequido pelo ar…

Ardor silencioso do ácido sulfúrico que derrete o tecido humano pegajoso, coagulado pela secura do suspiro consciente de quem tudo fez mas nada conseguiu alcançar…

Abandono instantâneo da camuflagem espiritual, no ”terminus” do prazo de validade, quimicamente dissolúvel e corporalmente transmutado no cinzeiro da vida…

Resquício de pólvora humana que levita sem gravitação, fragmentando-se progressivamente em partículas de fogo incandescente mutuamente consumidas num todo que é nada…

Nudez subcutânea reveladora da aura lívida antropomórfica, cobaia experimental do fracasso satânico, expulsa da corrente sanguínea anémica pelos anticorpos da sua criação…

Âmbula dos restos mortais reduzidos a cinza e pó, que contém tudo e não contém nada…

“ Omnes Est Ornus Et Pulvis “

Tudo É Cinza E Pó


Autor da Imagem: Paulo Madeira Em http://paulomadeira.net


Como o prometido é devido, dedico este texto à Marina, espero que gostes...

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Capítulo 7: Defcon 3

Música Recomendada: Judge And Jury - Audiomachine

O reflexo cristalino na vidraça panorâmica do “Centro de Comunicações”, ofuscava a retina ocular com o brilho metálico da fuselagem de centenas de naves espaciais oriundas do planeta Terra, completamente lotadas até ao último possível passageiro. O suspiro aliviante da guerra fria emocional, que atrofiava o coração com medo de morrer e enlouquecia a mente ansiosa por sobreviver ao nevoeiro de gelo, que congelava as únicas recordações queridas e belas conhecidas pelo ser humano. O grito libertador da pressão existencial esboçado num caloroso sorriso, inicialmente com aquele sabor a vitória, mas que rapidamente se transformaria num soluço amargo e enjoativo de pânico desmedido; mal sabiam aquelas pobres almas, a partida que o destino lhes pregara, apenas à espera do "timing" perfeito para se soltar. Os guinchos carnívoros daquelas criaturas desumanas, assobiavam incessantemente no meu ouvido tísico a melodia faminta de fome animal e selvagem, provocando pequenas descargas eléctricas corporais no meu ser trepidante e molhado com suores frios de medo.
O tempo avançava vertiginosamente, sem dó nem piedade, trazendo o bem numa bandeja para ser consumido e devorado pelo mal, na aproximação gradualmente acelerada das naves espaciais de salvamento à "Estação de Acoplagem" da “GenoTech”. Os botões encarnados de alerta, piscavam descontinuamente por todo o painel computorizado; o papel A4 saltava das impressoras com todos os relatórios pormenorizados dos danos materiais nos inúmeros segmentos da infra-estrutura, os microfones cromados de comunicação com o exterior eram surdos e mudos, indiferentes às mil tentativas desesperadas de avisar aqueles passageiros ingénuos para não aterrarem num planeta armadilhado com uma bomba prestes a explodir.  
Não sabia o que fazer, sentia-me como um estranho anónimo perdido num limbo esquecido para o mundo, apenas relembrado no momento de o salvar, mas eu tinha de agir, de me agarrar a algo espiritual que me desse forças para me transcender, por mim, pela minha família, pela humanidade
Enchi-me de coragem e esperança, serrei os dentes e os punhos para me auto-motivar e dirigi-me furiosamente à “Sala de Armamento“ adjacente ao vasto complexo de comunicações onde me encontrava. Peguei na leve espingarda futurista com "zoom" telescópico, equipada com a mais recente tecnologia de balas protoplasmáticas; agarrei em meia dúzia de granadas criogénicas que pendurei num cinturão de nylon muito leve e robusto em torno da cintura, e vesti um colete à prova de choque que trazia acoplado uma pistola “Taser“ paralisante. Armado até ao pescoço como um autêntico “Rambo“ dos tempos modernos, ausentei-me da "Sala de Armamento" e consultei o "Gps" para me situar geometricamente e não me perder naquele "deja vu" arquitectónico.
A minha próxima tarefa parecia simples à primeira vista, só tinha de me deslocar à "Estação de Acoplagem Aérea" e activar a rampa espacial onde as naves iam aterrar. Todavia, um olhar mais atento e debruçado sobre o referenciado dispositivo posicional, encheu novamente o meu coração de inquietação, ao verificar de forma exacta e evidente, que o único caminho possível para alcançar o hangar das naves espaciais, seria através do assombrado "Complexo de Genoma Humano", onde os demónios vampíricos ensaiavam a coreografia final para entrarem em cena.
Sem uma solução alternativa e com a fé divina num desfecho promissor, realizei um "sprint" muito rápido por entre paredes frígidas e corredores luminosos que me eram familiares, e que já tinham partilhado comigo a fuga opressiva do sobrevivente oportuno, mas desta vez no sentido inverso. Subitamente, os batimentos cardíacos aumentaram descontroladamente de ritmo ao captar no meu campo de visão, a imagem cada vez mais próxima das janelas salpicadas de sangue e saliva esfregadas pelo focinho daqueles animais primitivos que uivavam o grito da liberdade. Fechei os olhos por segundos, com a força de quem queria ser cego temporariamente para seu próprio bem e ao passar paralelamente à porta futurista que separava o paraíso do inferno, os vidros explodiram à minha volta no salto vertical daqueles monstros mutantes; outrora meus melhores amigos, decididos a travar a minha caminhada a todo o custo, no pressentimento ameaçador das suas vidas miseráveis. Atravessei-me horizontalmente pelo ar, por entre estilhaços prateados eclipsados pelas sombras dos bichos que pairavam na minha cabeça e dispararei sem qualquer dúvida e hesitação, como um assasino treinado para matar, tiros de plasma azul que incendiavam a sua pele deformada num efeito evaporizante…

A Continuar...

Edição de Imagem: Bruno Fonseca 

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Capítulo 6: Armagedão Perfeito

Música Recomendada: End Of All Days - Thirty Seconds To Mars


A Humanidade enfrenta a extinção da sua espécie, na última hora de uma dor profunda que invade os corações de medo e temor, na sensação impotente do quão pequena e insignificante é a vida humana, perante duas catástrofes de dimensões hérculeas...

O dia do julgamento final paira sobre as nossas cabeças de osso frágil, neste espaço e neste tempo real e irrepetível, obrigando o comum mortal a lutar pela sua sobrevivência enquanto homem livre, senhor do seu destino, que não aceita a obliteração gratuita na derradeira batalha entre "David" e "Golias"…

A vida tal como a morte, opostos por natureza, tocam-se inevitavelmente justificando a derradeira prova de fogo da existência humana, de que somos merecedores de viver neste mundo cada vez mais decadente mas que ao mesmo tempo queremos que subsista…

O planeta que nos viu crescer, cobre-se rapidamente com o manto branco da destruição não pacifica, que asfixia e congela progressivamente o ar e a água da vida, sussurrando ao ouvido o adeus definitivo de boa noite para nos ver morrer…

Muitos foram os profetas que tentaram antever o desfecho trágico da nossa espécie, num caminho percorrido por: "Nostradamus" em que este previa que o Mundo seria devastado por um asteróide gigante com cerca de mil trezentos e cinquenta metros; o "Papa João XVIII" a quem não era alheia a ideia de seres extraterrestres no último dia dos dias, e muito antes já "Zacarías" previra que o fim dos tempos seria marcado por uma grande guerra, seguindo-se um longo período de paz interrompido por dois grandes conflitos apelidados de "Guerras do Anti-Cristo".
Mais recentemente, "Edgar Cayce" partilha a sua visão profética ao escrever que o planeta Terra será abalado por uma calamidade provocada por forças que agem no seu interior; originando a deslocação do seu eixo e a mudança de posição dos pólos, à semelhança da previsão feita por "Richard Noone" que afirmara que os pólos acabariam por se unir, dando origem a uma nova era glaciar.

P.S - Não serei o profeta de Deus, nem serei o mensageiro do Mundo, e mesmo aqueles imcumbidos dessa tarefa nunca conseguiram prever duas catástrofes em simultâneo, uma nova era glaciar na Terra, e um acidente biológico em Marte...

Começou o “ Armagedão Perfeito

"Por mais de onze vezes a Lua e Sol desaparecerão,
Tudo aumentando e diminuindo de grau,
E colocado tão em baixo que até o ouro escurecerá,
Depois da fome e da peste, descoberto será o segredo"

Nostradamus, Centúria IV, Quadra 30

Autores das Imagens: Paulo Madeira Em http://paulomadeira.net
e Pedro Pinto Em http://olhares.com/thales1

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Capítulo 5: Mashiach Vs Anti-Cristo

Música Recomendada: First And Last - Michael McCann

Visão anagógica reveladora da última mensagem divina à consciência pessoal, do "daimon" maniqueísta, medium espiritual, da luta do bem contra o mal.

Voz ancestral do eco sagrado proveniente da harpa mística do anjo Gabriel, anunciador do destino da alma humana, astrologicamente pré-escrito no livro da vida sem páginas.
 
Sina do herói oculto que carrega aos ombros a pesada cruz dos sete pecados mortais, tatuada à nascença nas fornalhas quentes que ardem no Inferno.

"Mashiach" do judaísmo messiânico profetizado no “Ani Maamin“ libertador do mundo do derradeiro sono eterno.

"Medjai" enviado por Alá para desmascarar a conspiração maquiavélica da sociedade secreta “Illuminati“ no advento de uma nova ordem mundial.


Cavaleiro
da Távola Redonda que transporta a “Excalibur” redentora do pecado final de Adão, no nascimento do novo Anti-Cristo.


Imagens Desfocadas, Mensagens Codificadas, Verdades Ocultadas...

Quem sou Eu? Quem deveria Ser? O que tenho de Fazer?


Só Deus Saberá...

Autor da Imagem: Paulo César Em http://paulocesar.eu 

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Capítulo 4: O Exército De Dante

Música Recomendada: The Bureau - Jesper Kyd

Encostei o meu rosto gelado e insensível ao minúsculo vidro esculpido triangularmente, e visualizei dilatadamente de forma inerme e indefesa, a derradeira manifestação corpórea do mal em mais um plano maquiavélico encomendado pelo senhor das trevas ao seu filho demónio.
As minhas mãos trémulas e arrepiadas, como as de um idoso nos seus últimos dias de vida, mal conseguiam sentir a textura plana do metal resfriado da porta futurista à prova de bala; agravando a minha respiração acelerada que embaciava ligeiramente o cubículo visual da única barreira segura que separava o paraíso do inferno. Naquele instante, senti-me tão minúsculo, tão impotente e inutilmente vazio como se estivesse enjaulado numa gaiola construída com inércia; ao registar na memória aqueles homens que, outrora partilhavam comigo gargalhadas nas pausas entre as partidas de "snooker" no ruidoso refeitório da “GenoTech”, e que agora faleciam brutalmente transformando-se naquelas criaturas malignas, despojadas de quaisquer ligações emocionais humanamente significativas de amor ou amizade, reduzidas ao instinto animalesco do "darwinismo" selectivo da sobrevivência do mais forte sobre o mais fraco, como soldados perfeitos do exército demoníaco comandado pelo general Dante.
Aparentemente, aqueles demónios adultos recém-convertidos, providos de instintos básicos de sobrevivência extremamente apurados, repararam na minha presença, fitaram-me nos olhos e vieram na minha direcção em fila indiana, ostentando aqueles dentes vampíricos afiados e pontiagudos, babando-se por uma trinca de carne e um golo de sangue, consumindo gradualmente o espaço geométrico numa sombra escura de morte. Uma surdez temporária invadiu repentinamente o meu tímpano sensivel, ao cravarem e deslizarem as suas unhas selvagens ao longo do vidro, num calafrio sonoro cerebralmente insuportável. A minha vida encontrava-se novamente em perigo; com os pontapés gananciosos, murros vingativos, batidas demolidoras e amolgadelas perfurantes no muro de aço branco, símbolo de paz, intransponível apenas por enquanto. Coloquei a penúltima máscara biológica disponível na vitrine de primeiros socorros, na tentativa cautelosa de protecção contra um eventual risco de contágio, e afastei-me definitivamente do portão inquebrável numa correria convicta por entre corredores infindáveis de luzes vermelhas intermitentes, desta vez em direcção à "Sala de Comunicações" na esperança de pedir ajuda.
O complexo de comunicações, era o único concebido independentemente dos restantes laboratórios científicos, que estavam todos ligados à divisão principal onde teve lugar o acidente quimíco.
O acesso estava selado como seria prevísivel, automaticamente trancado pelo sistema informático após activação do protocolo de emergência. A transposição da mencionada barreira arquitectónica, implicaria sempre o scanner da retina ocular de um dos funcionários daquele compartimento específico, e eu não tinha o nível de acesso necessário para aceder a essa área restritiva, por isso seria uma tentativa absolutamente em vão. Bati ferozmente no portal inoxidável, gritei no intercomunicador e na câmara de vigilância mas ninguém parecia ouvir as minhas preces frustrantes. Comecei a desesperar passivamente num colapso psicológico superficial. Sentei-me no chão com as pernas cruzadas asiaticamente, elevei as mãos à cabeça e foi no meio desse procedimento perturbante que reparei na grelha metálica do ventilador de ar, colocado estrategicamente por cima da portada electrónica. Dei uma biqueirada intencionalmente forte com a sola de borracha resistente e pesada do meu calçado multi-desportivo, e entrei ajoelhado naquele buraco negro e claustrofóbico. Percorri vigilantemente aquele labirinto de alumínio infinito quase às cegas, numa respiração afoguiante e oxigenada, até chegar com sucesso à "Sala de Comunicações".
Foi então que me deparei com um cenário ainda mais assustador: todos os empregados estavam mortos, liquidificados num verdadeiro "saquê" de sangue, possivelmente contaminados pelo vírus que se propagou no ar através do exaustor, que estava ligado à conduta ventilante onde deflagrou o trágico "incêndio diabólico". Sem mais demoras, peguei bruscamente no microfone e uma luzinha amarela florescente acendeu-se de imediato na linha privada, dando a indicação da chegada de uma "mms" emitida do "Comando Central do Pentágono". A mensagem audio-visual não era totalmente perceptível; continha inúmeras interferências e ruídos mas foi suficientemente clara para captar o essencial das palavras preocupadas do coronel “Redford”, e que o plano de evacuação para Marte estava em marcha. Tentei aflitivamente responder de volta mas a ligação perdeu-se. Subitamente, todas as comunicações com o planeta Terra ficaram cortadas; certamente devido às inúmeras tempestades ciclónicas, aos tremores de terra destrutivos, aos tornados mortais, às temperaturas negativas abaixo dos cinquenta graus, às chuvas torrenciais ilimitadas e às calotes glaciares derretidas que avançavam apressadamente em direcção aos continentes...

P.S – Temia o pior, o vírus propagava-se rapidamente e só eu sabia da sua existência. O tempo esgotava-se contra uma nova ameaça desconhecida, na eminente chegada das naves espaciais de salvamento, porventura com a minha esposa e filho a bordo...

E se os mutantes contaminados conseguirem fugir da "Sala em Quarentena"?

E se o vírus propagar-se para fora das instalações da "GenoTech"?

Que lugar haverá para a Humanidade?

A Continuar...

Autor Da Imagem: Paulo Madeira Em http://paulomadeira.net

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Capítulo 3: Metamorfose Simbiótica

Música Recomendada: The Raven - Ryan Amon

Metamorfose simbiótica, geneticamente auto-suficiente de mutação maligna acidentalmente proveniente do lado negro do mal.

Anomalia aleatória da homoplasia cerebral, pervertidamente retorcida no seu instinto animal.

Infecção contagiosa do vício parasital, injectado no hospedeiro impotente, enfraquecido e moribundo que rasteja no espectro do mundo sem luz.

Ampola de veneno narcótico feita de medo anestesiante que enerva o sistema neurológico de gás suicida e mutilante.

Ópio da derradeira droga mortal, reveladora da verdadeira identidade homicida, silenciosamente infiltrada nos recantos mais obscuros do subconsciente cerebral.

Híbrido natural de hipalgesia sobre-humana e histeria descontrolada num olhar satânico oriundo do último paraíso sem vida onde os mortos vagueiam surdos e mudos no fim do mundo.

Descoloração da alma humanamente sobrevivente em visões angelicais, na única profecia da chegada de um Messias maléfico coleccionar das almas mortais.

Eu cheguei para me Vingar, para te Matar, para Sugar a tua alma, e para te Libertar...

Autor da imagem: Paulo Madeira Em http://paulomadeira.net


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Capítulo 2: Suco Mortal

Música Recomendada: Leaving Earth - Clint Mansell 

Suco mortal, abiótico sanguíneo da absolvição espiritual, libertador da indecência humana para o bem ou para o mal.

Essência da identidade pessoal perdida no tempo imortal da memória para alguns, do esquecimento para outros.

Fricção acerante do derradeiro sopro vital, gradualmente decadente, seco e pálido no esgotamento dos recursos orgânicos finais.

Líquido de púrpura fugaz, escorregadio e dissolvente que resvala pelo último cheiro corporal, inevitavelmente irreversível de paralisia cerebral.

Pedido sussurrante de ajuda, na queda dorsal desamparada e dolorosa de um corpo arrefecido quase frio de reacções e sentimentos.

Mergulho na água turva da morte, engasgando os sentidos, embrieguando as forças, numa dormência quase paralítica.

Na sóbria visão esquisofrénica da vida, de que não permaneceremos apenas a sombra dos ossos e o pó da pele...

Autor da Imagem: Paulo Madeira Em http://paulomadeira.net

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Capítulo 1: Última Transmissão Humana

Música Recomendada: Isolated System - Muse

Algures no ano dois mil e oitenta...

Eu fui o único sobrevivente não contaminado de um grave acidente biológico que ocorreu no laboratório de genoma humano da “GenoTech“, empresa de pesquisa molecular sediada na segunda colónia a norte de Marte, perto da vasta planície de "Vastitas Borealis".
No primeiro dia do ano, um grupo de climatólogos russo descobriu através de imagens chocantes captadas pelo seu satélite: Resurs Dk-1 lançado em 2006, que as inúmeras calotes glaciares do Pólo Norte estavam a derreter parcialmente. Todos os governos mundiais accionaram desde logo os respectivos planos de emergência de cada Estado, iniciando rapidamente uma cooperação a nível global sem precedentes.
Quando recebemos a notícia na sede da "GenoTech" em Marte, eu estava sentado na minha secretária de contraplacado preta, macia ao toque, com o meu laptop “Dell“ novinho em folha a fazer um "check-up" de rotina ao sistema de vídeo-vigilância. Sim, não vos disse ainda, chamo-me "Haiden" e sou um programador informático; contratado pela "GenoTech" para fazer a manutenção do seu sistema de segurança e assegurar que não existem falhas técnicas no circuito informatizado.
Fiquei aterrorizado ao escutar o bloco informativo especial que acabava de ser transmitido em directo do planeta Terra e caí desamparado no chão com as mãos enterradas na cabeça.Ali permaneci momentaneamente, petrificado como uma estátua de pedra perdida num mundo sem tempo, estático, imóvel, como um enfermo induzido num estado de coma vígil. O ardor da retina incendiava as minhas lágrimas salgadas de dor que morriam antes de formarem uma gota, perante aquela evidência tão seca, ríspida e profunda. De repente, voltei a mim abanado violentamente pelo meu chefe superior. Eu bem via os olhos dele negros como a noite, sedentos de loucura e os de toda a gente em meu redor; numa correria parva em mil e uma direcções que mais parecia uma autêntica excursão de formigueiros psicóticos, atropelando-se mutuamente, pisando-se individualmente num ensejo angustiante por novidades dos seus familiares mais próximos, tal como eu. Contudo, apesar do panorama caótico eu permanecia mais calmo, consciente, com uma visão ampliada das coisas, com o sangue semi-frio quase a brotar-me das veias. E foi no meio de todo o pânico, desespero, inquietação, daquele arrepio gelado e metálico que apanha a espinha dorsal por completo, que a tragédia aconteceu e tudo voltou a parar à minha volta como se tivesse accionado um botão para colocar o tempo em "slow-motion". Fixei com a precisão de um poderoso telescópio, de forma precisa e inequívoca, os corpos inocentes de dois cientistas a serem projectados como pequenos sólidos de plástico contra o vidro acrílico que protegia o novo complexo molecular, que estava a ser desenvolvido para fins terapêuticos em pacientes terminais, altamente secreto e contagioso. Naquela fracção de segundo fui directamente ao Inferno numa viagem gratuita paga por Satanás em pessoa; ao presenciar os esqueletos ingénuos, frágeis e delicados, dos meus colegas a transformarem-se em criaturas deformadas, autênticos mutantes humanos. A debilidade dos seus membros suplicantes e os berros ensurdecedores de ajuda audíveis a quilómetros de distância, acobardavam qualquer tentativa altruísta; enquanto a pele desvanecia no contacto cutâneo com o reagente químico, descolorando um organismo que outrora fora perfeito, semelhante ao meu.
Comecei a correr sem olhar para trás, com toda a força que ainda me restava nos músculos; no meio daquela contaminação crescente, por entre mãos entreabertas, pernas cruzadas e suores escorregadios, pressionado pela contagem de quarentena decrescente de cinco minutos irreversíveis, até conseguir alcançar a porta branca e futurista à prova de bala. Fui sozinho, mas paguei o pesado preço da salvação, ao ser obrigado a assistir à devastação dos meus companheiros de trabalho pela sua própria criação.

A Continuar...

Edição de Imagem: Ema Modesto

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