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Capítulo 16: A Equação De Nosferatu

Música Recomendada: Matrix Of Leadership - Steve Jablonsky

A humanidade amarrada numa camisa de forças ripostava na hora certa da injecção letal com o braço de ferro em carne viva, no epíteto cataclísmico do planeta azul quase desaparecido nas entranhas viscosas do silêncio espacial. O convénio de Judas exaltava o fanatismo dos seus apóstolos recém-associados com a água benta lambida das sete chagas de Cristo, agrupados em colunas robustas meticulosamente organizadas pelo sinal semiótico do seu código linguístico selvagem. Na dianteira dos meus olhos exorcizados de terror, os carniceiros delatores delineavam o plano geoestratégico belicista, chicoteando-se mutuamente com palmadas de regozijo narcisista, aparelhados com o cilício farpado, símbolo carpidor do massacre humano inevitável no certame definitivo de todas as decisões.
A sua compleição física vigorosa impunha respeito, o crânio felídeo envolvido num crustáceo excrementoso de borbulhas montanhosas, repudiava a sensibilidade de qualquer íris vulgar num tumulto lacrimoso, agravado pelo colosso torácico, esguio e espadaúdo que definhava o meu músculo cardíaco melindrado de agonia. Os membros superiores e inferiores eram extensos e sinuosos, revestidos por uma película pegajosa que albergava uma pelagem eriçante e volumosa numa miscelânea alienígena autenticada com a insígnia flamejante do Minotauro infernal.
A falange cascavel aumentava a dose do cerco venenoso, mantendo em rédea curta o batalhão totalmente desfalcado das forças especiais de salvamento que flutuavam nas suas sobrancelhas pitorescas com os canudos cerrados na têmpora crucificada de infra-vermelhos apontados para disparar. O hino das lamentações bradava ao cosmos a sobrevivência da espécie racional hedonista que contrastava com o grimpar volumptuoso dos bicharocos doentios, encantados com a ideia romântica de passearem à beira-mar por um jardim melancólico ornamentado de caveiras humanas.
No instante oportuno em que pressionava a alavanca fatídica para activar o gancho de aterragem das naves espaciais, o sibilo bárbaro desencadeia uma avalanche torrencial de ataques aracnídeos infestados de ira numa teia predadora que gradeava irremediavelmente o último reduto de homens bravos em desvantagem numérica, atordoados por uma defesa improvisada, fazendo das tripas coração, com o reduzido poder de fogo ainda disponível ao seu alcance. Os canhões de plasma, equipados solitariamente em cada veículo voador eram impotentes para travar o assédio compulsivo das viúvas negras apaixonadas que eram cuspidas num embrulho alimentar venoso proveniente das gargantas gástricas do inimigo público número um, como um beijo coercivo no código genético sapiente, adulterado e convertido para o clube dos poetas mortos. Mulheres grávidas separadas dos seus maridos, crianças órfãs perdidas dos seus pais adoptivos, idosos arrancados das camas dos seus lares provisórios, vítimas do dogmatismo preferencial do protocolo de evacuação, choravam o memento da amnistia divina, como um agregado familiar unido de mãos entrelaçadas para sempre, com a memória inesquecível do festival olímpico de arremessos ensurdecedor.
As maquinetas aéreas sobrelotadas despenhavam-se descontroladamente a pique, engolidas pelos monstros sanguinários que cortavam o metal simetricamente, separando o cockpit sem condutor da cauda aviónica sem propulsor. Por breves instantes, permaneci colado na víscera das minhas emoções imbuídas de uma raiva gradualmente galopante que incitava a necessidade categórica de agir. Comecei a descarregar como um louco em todas as direcções num movimento de trezentos e sessenta graus, rajadas de tiros protoplasmáticos e granadas criogénicas que estoiravam com os miolos dos invasores pelos recantos periféricos do complexo científico, no comunicado exuberante de desforra em nome da minha mulher e filho. Rastejei até aos escombros cobertos de corpos quase vivos que ainda ardiam no meio das chamas dos pássaros caídos, na diligência esforçada de encontrar Amanda e Jamie. A retina processava vertiginosamente as parecenças congénitas numa dualidade emocional de ansiedade e receio atormentada pela dúvida existencial de indícios homogéneos no naipe craniano desfigurado na fervura efervescente do caldo sebácico ebulidor.
Não existiam sobreviventes, a totalidade dos ocupantes de cada transporte acabaria por falecer instantaneamente no fluído vertido dos seus graves ferimentos, envolvidos na teia suicida dos pilotos extremistas que faziam explodir os aviões desviados na direcção dos que tentavam escapar a todo o custo, num cogumelo combustivo expandido pelo Universo. Escondido invisivelmente no refúgio biblíco daquela sucata de gente, murmurei aos deuses a agonia de viver violentado a observar os escravos diabólicos com os manifestos de voo a conferir o somatório dos finados, completando a sequência Fibonacci do holocausto mundial.
Saboreei o revólver na língua insípida e tesa, desejosa de lamber o gatilho aliciado por um prazer único terminativo, mas uma voz alegórica de esperança matutava com persistência os apelidos dos meus dois tesouros mais valiosos, relevando as suas letras brilhantes na maldita tira de papel processado a computador que sorria para mim com a informação detalhada de cada passageiro disposto por ordem alfabética.
Aguardei pacientemente pelo momento oportuno e quando as criaturas de ébano viraram costas, ataquei o confidente do mencionado documento escrito, paralisando-o com um choque encefálico de quinhentos volts induzido silenciosamente pela pistola Taser. Discretamente, sem chamar a atenção dos idiotas descuidados, resguardei-me numa sombra estrutural e percorri apressadamente a lista de palavras relacionadas com alguém, num suspiro profundo de alívio abraçado pelo sentimento esquecido do abandono eremita numa vida insignificante privada de sentido.
Estava na hora de fugir daquele hospício mental com a motivação nostálgica de regressar finalmente a casa e abraçar calorosamente a minha esposa com o seu avental colorido a cozinhar a minha refeição preferida, auxiliada pelo seu ajudante amador, empenhado em deixar o seu toque pessoal no petisco delicioso. Sem deixar qualquer rasto suspeito, esgueirei-me habilmente por uma passagem secreta subterrânea que dava acesso à “Sala das Cápsulas de Emergência” e ao deparar-me com uma cortina de aço composta por dois bisontes que vigiavam a entrada, assobiei sensualmente no engodo de ludibriar a sua fraca inteligência cognitiva e no instante da sua aproximação à parede que ocultava o meu esqueleto por inteiro, pulverizei-os com múltiplos abalos eléctricos embalados num conto infantil de boa noite. Para mal dos meus pecados redimidos, um dos lobos noctívagos conseguiu ainda emitir a sonata musical do intruso infiltrado antes de padecer, atraindo o exército de Nosferatu ao local do crime reincidente. Barriquei as portadas com um machado excessivo encontrado no escaparate para incêndios e ejectei-me gloriosamente na cápsula de fuga, dizendo adeus aos vampiros frustrados que batiam amarguradamente com as dentuças enjoadas no portão encravado.

P.S – Sentia-me um solitário perdido na imensidão do espaço, enclausurado no habitáculo do foguetão sustentado por um tanque de combustível quase na reserva e um sinal luminoso intermitente que não cessava de piscar no radar embutido na consola de navegação.
As minhas faculdades mentais encontravam-se diminuídas e os resquícios de gasolina só permitiam viajar para o local desconhecido, identificado pelo rádio telemétrico.

Status
: Triangulação De Novas Coordenadas...Ok

A Continuar...

Autor Da Imagem: Paulo Madeira Em http://paulomadeira.net

Dedico este texto a uma pessoa muito especial, que roubou o meu coração e pagou o resgate, com muito amor, apoio e admiração, por mim, por tudo aquilo que sou, por tudo aquilo que faço. Obrigado Carla, Love Ya...


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3 comentários:

Carla Ribeiro disse...

Isto está a tornar-se viciante! :)

Bem, agora a sério... Acho que o teu trabalho ganha cada vez mais qualidade e evolui a cada texto que passa. Continuo a gostar da forma como escreves, da história que estás a desenvolver, e de toda a fusão de elementos do blog... E fico à espera de mais!

Anónimo disse...

Cada vez melhor a história :D

Continua assim


Beijo Nokinhas

Anónimo disse...

Estou com um certa dificuldade em arranjar o adjectivo correcto, mas seria algum que englobasse o magnífico, fantástico, interessante, actual e o visualmente belo...Tu que tens jeito para as palavras, se souberes de algum que represente isto tudo diz-me :P

Parabéns pela obra fantástica que te sai da alma...

Be*jo

 
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