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Capítulo 17: Damkina 01

Música Recomendada: Mars - Clint Mansell

As faúlhas incandescentes, expelidas abruptamente do motor cálido em ignição, beliscavam vertiginosamente a viseira fumada do meu capacete aeronáutico, desgastado com os clarões de cegueira que sapateavam harmoniosamente com as suas sombras alvoraçadas num efeito luminoso de rara beleza visual. O poliedro diáfano reproduzia o céu circular dos sonhos humanos, salpicados na tela fresca da esperança por um pincel borrado de tinta seca atormentada pelo vaticínio infortunoso do sossego espacial.
O paradoxo cruel do meu senso instintivo palpitava o fastígio da morte velhaca que gatinhava prematuramente no adágio ritmado para o seu encontro pontual. Eu sentia o rasto calculista das migalhas emocionais que iam sendo debicadas na pausa oscilatória da viatura acrobata, conduzida imaculadamente pelos pixeis inteligentes do seu processador quântico monstruoso, patenteado solenemente com a rubrica memorial da falecida companheira do seu inventor “Damkina“. Baptizado com a qualidade mais apreciável da sua alma gémea desaparecida, a “Esposa Fiel“ conservava no íntimo nuclear a curvatura elíptica da volúpia feminina, difundida por um tentáculo electrónico ramificado em milhares de nano chips ultra-velozes que sustentavam a figura virtual do aclamado "software" de navegação, preferencialmente adoptado pela comprovada eficiência e fiabilidade na perenidade matrimonial entre a máquina insensível e o homem emocional. Numa era institucionalmente robotizada pelo “mainstream” do intelecto artificial que desprezou o disco compacto como “mídia” convencional, os eléctrodos tubulares comutados na têmpora neurológica, conectavam-se com a matriz do servidor “on-line” que registava num padrão codificado os dados individuais procedentes da intensa actividade sináptica de cada ciber-navegador ligado à "aldeia global". Imune aos ataques corruptivos dos talentosos piratas contemporâneos, o “mare nostrum socialis” fortificava a segurança da sua “muralha da China” com o betão policial de um agressivo porteiro “firewall” que autenticava criteriosamente o “IP” cerebral do cardume de marinheiros internautas, identificados na rede pública mundial pelo “avatar” digital da sua verdadeira aparência física.
Unos na infusão binária de um programa pré-instruído, as inúmeras imagens residuais dos indivíduos genéricos interagiam intimamente num “lobby“ tridimensional, sistematizado num mercado “origami” de temáticas multi-disciplinares que eram alfândegariamente descarregadas para o ecrã táctil do sistema operativo, em consonância com o fluxo nervoso da vontade interpretada por um roteiro intuitivo, mediador de todas as aplicações requisitadas. O comandante automático sem “brevet” nadava com o pedaço de lata no gueto celestial, deslizando com constância pelo crocito turbulento da saturada cintura de asteróides que encobria o “ovni” destinatário do passeio turístico incógnito. A córnea longínqua revelava o “slide” míope de uma ilha mecânica auscultada na escuridão do escuro por um vestígio familiar replicado miraculosamente no cânone sonoro do "Chronos" ainda vigente. Encurralado na ganância bondosa do “Alpha e Omega” semi-delinquente, aquele rochedo usurpador deliberadamente increpado, perfurou o casco vitríolo do aparelho orbital crivado de feridas materiais que gratinavam no corredor magnético do palácio estrangeiro, irreconhecido no mapa cartográfico planetário.

P.S - Adeus, Sr.Haiden!

A Continuar...

Autor Da Imagem: Paulo Madeira Em http://paulomadeira.net


Última Transmissão Humana
© 2013. Todos Os Direitos Reservados.

2 comentários:

Anónimo disse...

Adorei este texto. Tudo descrito ao pormenor o que faz com que a leitura seja mais intensa! Continua assim ^_^


Beijo
Nokinhas

JP8296 disse...

A ânsia de ler aumenta a cada frase....Gosto... Continua o bom trabalho...
Abraços

José Paiva

 
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